Kenned Ramos: primeiro artista quilombola do Rio Andirá a expor no Bumbódromo
- Larissa Monteiro
- há 3 horas
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A mostra traz à tona uma potente expressão estética e política da arte quilombola contemporânea, ancorada na ancestralidade afro-amazônica e na resistência dos povos tradicionais

Por: Larissa Monteiro/Amazonas Cultura e Gladson Rosas Hauradou
Parintins (AM) – Uma nova página na história da arte amazônica e quilombola foi escrita com a estreia da exposição de Kenned Ramos. O artista é o primeiro quilombola do Rio Andirá, região de Barreirinha (AM), a ocupar o espaço do Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, localizado no icônico Bumbódromo de Parintins.
A mostra inédita, sob curadoria de Clarissa Suzuki, Kamy Wará e Gladson Rosas Hauradou (Icsez/Ufam), apresenta uma poderosa síntese estética e política da arte quilombola contemporânea, entrelaçada com a ancestralidade afroamazônica e as lutas dos povos tradicionais da região.

As peças da exposição são esculturas em madeira, técnica herdada dos antepassados de Ramos, que resgatam e atualizam narrativas seculares. Cada arte carrega a força simbólica de uma cosmovisão afro-indígena, ecoando espiritualidade, memória coletiva e resistência frente aos processos históricos de apagamento cultural.
A proposta curatorial estabelece uma leitura contracolonial da arte, que aqui se manifesta como instrumento de denúncia, de reconstrução identitária e de afirmação da vida. A ancestralidade de Kemet (antigo Egito, ou Terra Negra), os elementos das tradições Iorubá e Banto, e as lutas dos quilombos por terra e dignidade se entrelaçam em uma linguagem visual intensa e singular, a partir da realidade local afro-amazônica.
“A arte quilombola é uma catarse estética. Ela é feita de saberes, sabores, espiritualidade e luta – uma resposta viva e sensível ao apagamento secular das contribuições africanas e afrodescendentes na construção da sociedade brasileira”, refletem os curadores.
Mais que uma exibição, a mostra de Kenned Ramos se revela um manifesto visual. Uma provocação poética e política que nos convoca a enxergar os quilombos não apenas como espaços de resistência, mas como potentes centros de criação, sabedoria e reinvenção do mundo.
Equipe da Arte Quilombola (Foto: Ulisses Ramos)
A exposição segue aberta ao público até o dia 15 de maio, no Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro (Unidade Parintins), localizado no Centro Cultural de Parintins - Bumbódromo.
Fonte: com informações do professor Gladson Rosas Hauradou.
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