Prefeitura defende transparência no julgamento do 58º Festival de Parintins após Caprichoso apontar supostas irregularidades
- Larissa Monteiro
- 3 de jul.
- 5 min de leitura
Atualizado: 3 de jul.
Enquanto o presidente Rossy Amoedo acusa dois jurados, previamente denunciados, de influenciarem o resultado do festival, o prefeito Mateus Assayag alega que todos os currículos foram validados pelas agremiações dos bois antes do sorteio
Parintins (AM) – O 58º Festival Folclórico de Parintins, encerrado no último fim de semana de junho, tornou-se alvo de polêmica após o presidente do Boi Caprichoso, Rossy Amoedo, apontar supostas irregularidades no processo de julgamento da competição. Durante coletiva na terça-feira (1º), Rossy afirmou que dois jurados, previamente denunciados por conflito de interesses e falta de qualificação, teriam prejudicado a agremiação azul e branca de forma "desproporcional".
Em resposta, a Prefeitura de Parintins – por meio do prefeito Mateus Assayag –manifestou-se sobre as controvérsias envolvendo o resultado do festival, reforçando que todo o processo de julgamento foi conduzido com transparência e dentro do regulamento. Segundo ele, houve o vazamento dos nomes de quatro jurados e, para garantir seriedade no processo de julgamento das apresentações, solicitou a presença do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) em um novo sorteio, considerando não ser necessária a presença das agremiações.
De acordo com o Rossy Amoedo, a Comissão Julgadora ignorou pedidos de substituição dos avaliadores, cujas notas, somadas, superariam as dos outros sete jurados. “Os jurados que mais nos prejudicaram foram exatamente aqueles que denunciamos antes mesmo do início do Festival”, declarou Rossy, anunciando que o Caprichoso entrará na Justiça para anular o resultado — seja pela exclusão das notas contestadas ou pela anulação total do festival.
Entre as irregularidades apontadas estariam currículos inconsistentes, como o da jurada Hylnara Anny Vidal, que, segundo Rossy, não atua na área artística há 16 anos e incluiu elementos religiosos no seu portfólio como justificativa técnica para julgar a festa. Outro jurado, Marcos dos Santos, teria ligações com um ex-avaliador próximo a um dos grupos da associação do Boi Garantido, levantando suspeitas de parcialidade.
“Não vamos compactuar com essa fraude. Nosso compromisso é com a verdade e com a defesa do festival, que é patrimônio do povo. Essa luta não é só do Caprichoso. É de todos que acreditam na cultura como ferramenta de transformação”, finalizou Rossy Amoedo.
A agremiação Boi-Bumbá Caprichoso enviará documentos ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) e outras instâncias competentes, com o intuito de anular o resultado parcial ou total do Festival de Parintins 2025 e também para revisão dos critérios de seleção e fiscalização da Comissão Julgadora nos próximos festivais.
Fonte: Associação Boi-Bumbá Caprichoso
Fonte: Associação Boi-Bumbá Caprichoso
Fonte: Associação Boi-Bumbá Caprichoso
Prefeitura rebate: "Irresponsabilidade"
O prefeito Mateus Assayag também reuniu a imprensa na tarde desta terça-feira (1º) para prestar esclarecimentos aos questionamentos da diretoria do Boi Caprichoso, aos patrocinadores e ao público geral. Assayag classificou as críticas como "irresponsáveis" e defendeu a lisura do processo. Ele afirmou que os currículos foram aprovados pelos presidentes de ambos os bois antes do sorteio — realizado novamente após vazamento de nomes, com acompanhamento do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM).
“Os dois presidentes tiveram tempo suficiente para analisar, um a um, os currículos dos candidatos ao sorteio. Esses mesmos currículos foram aprovados por ambos”, declarou Assayag. Segundo ele, tanto o Garantido quanto o Caprichoso apresentaram impugnações à Comissão Julgadora para substituição de jurados, porém todas foram indeferidas por insuficiência das provas.
“A comissão não pode impedir jurado por suposições”, disse o prefeito, exibindo documentos e vídeos que comprovariam a transparência na escolha dos jurados, incluindo a compra de passagens e hospedagens pela prefeitura para evitar vazamentos.
Próximos passos
O Caprichoso prepara ações judiciais e um Boletim de Ocorrência (BO) por suposta falsificação curricular por parte de uma das juradas e solicita mudanças no regulamento do julgamento do festival. Em resposta às acusações, a Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido emitiu um comunicado oficial em suas redes sociais.
Durante a coletiva de imprensa realizada no dia 1º de julho, a prefeitura marcou uma reunião com a diretoria dos bumbás para agosto, a fim de revisar o regulamento. A disputa agora se estende para o campo jurídico e político, colocando em pauta a credibilidade de um dos maiores eventos culturais do país.
No fim da coletiva, Mateus Assayag destacou a importância do festival para todos os setores de Parintins e apresentou um balanço geral sobre o recorde de público na cidade e os investimentos na festa. “Fizemos o maior festival de todos os tempos em todos os sentidos”, concluiu Assayag.
Garantido rebate acusações e defende lisura no Festival de Parintins
“Reduzir a grandiosidade do espetáculo a apenas um item é desrespeitoso com os artistas, técnicos, brincantes, torcedores e comunidades que constroem, com tanto empenho, o Festival” – repudiou, em nota, a Associação Boi-Bumbá Garantido
Em nota oficial, a Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido repudiou as acusações feitas pelo Boi Caprichoso e defendeu a transparência do julgamento no Festival de Parintins 2025. A agremiação também denunciou ataques pessoais e desrespeito ao luto de um de seus integrantes.
Diante das declarações propagadas por membros do Caprichoso, o Garantido veio a público esclarecer sua posição e reforçar a lisura do processo avaliativo do Festival Folclórico de Parintins. Segundo a nota, a associação classificou as acusações como “infundadas” e disse que elas “tentam desacreditar a vitória conquistada com trabalho, dedicação e amor à cultura popular”.
Conforme o texto, dias antes do Festival, o Garantido e o público tiveram acesso à lista oficial de jurados. Ao identificar vínculos de três nomes com pessoas ligadas ao Boi Caprichoso, a Associação Boi-Bumbá Garantido solicitou a substituição desses jurados junto à organização do evento e acionou o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). No entanto, o pedido foi indeferido.
“Decidimos seguir com responsabilidade e respeito, levando nosso espetáculo à arena com a cabeça erguida”, afirma a publicação. A diretoria ressalta que todos os 21 itens, distribuídos em três blocos, foram apresentados com excelência, dentro dos critérios estabelecidos pelo regulamento. “Reduzir a grandiosidade do espetáculo a apenas um item é desrespeitoso com os artistas, técnicos, brincantes, torcedores e comunidades que constroem, com tanto empenho, o Festival.”
A associação também se manifestou contra o que classificou como “ataques pessoais e linchamentos virtuais” vindos de membros e apoiadores do Caprichoso. Segundo o Garantido, os episódios envolvem intolerância religiosa, misoginia e exposição indevida de pessoas. A agremiação destacou que nenhuma prova foi apresentada para sustentar as acusações de irregularidades e alertou que “acusações sem provas não são apenas irresponsáveis, são crimes”.
Outro ponto criticado na nota foi o uso do luto vivido pela associação — em razão da perda de um de seus integrantes — como argumento em “narrativas oportunistas”. Para o Garantido, esse tipo de atitude é “desumano” e demonstra a falta de maturidade por parte dos adversários.
“Pedimos respeito. E mais que isso: pedimos maturidade”, finaliza o comunicado, que conclui com uma mensagem de exaltação à conquista: “Vamos comemorar, pois a vitória é NOSSA!”.
Fonte: Com informações das coletivas e das assessorias de comunicação do Boi Caprichoso, da Prefeitura de Parintins e do Boi Garantido
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